Pesquisar neste blog

domingo, 1 de maio de 2011

Pedra na vesícula




Cálculos biliares são pequenas pedras que se formam na vesícula biliar, órgão localizado no lobo inferior direito do fígado onde a bile se concentra e de onde é lançada sob a influência de um hormônio intestinal.

A bile produzida no fígado consiste na mistura de várias substâncias, entre elas o colesterol, responsável por cerca de 75% dos casos de formação de cálculos. Alguns deles se alojam na vesícula biliar e não causam sintomas. Outros ficam presos no duto biliar e bloqueiam o fluxo da bile para o intestino. Essa obstrução provoca a cólica biliar que se caracteriza por dor intensa no lado direito superior do abdome ou nas costas, na região entre as omoplatas. A crise de cólica persiste enquanto a pedra permanecer no duto. No entanto, muitas podem voltar para a vesícula ou ser empurradas para o intestino. Quando isso ocorre, a crise dolorosa diminui.

Sintomas

Alguns cálculos na vesícula podem ser assintomáticos, mas outros provocam dor intensa do lado direito superior do abdome que se irradia para a parte de cima da caixa torácica ou para as costelas. A dor normalmente aparece meia hora após uma refeição, atinge um pico de intensidade e diminui depois. Pode vir ou não acompanhada de febre, náuseas e vômitos.

Causas

Muitos fatores podem alterar a composição da bile e acionar o gatilho de formação dos cálculos na vesícula. Alguns fatores que aumentam o risco são:

* Dieta rica em gorduras e carboidratos e pobre em fibras;

* Vida sedentária que eleva o LDL (mau colesterol) e diminui o HDL (bom colesterol);

* Diabetes;

* Obesidade;

* Hipertensão (pressão alta);

* Fumo;

* Uso prolongado de anticoncepcionais;

* Elevação do nível de estrogênio o que explica a incidência maior de cálculos biliares nas mulheres;

* Predisposição genética.

Tratamento

O tratamento pode ser feito à base de medicamentos que diluem o cálculo se ele for constituído apenas por colesterol. Nos outros casos, a cirurgia por laparoscopia, que requer poucos dias de internação hospitalar, é a conduta mais indicada. Tratamento por ondas de choque para fragmentar o cálculo representa também uma possibilidade terapêutica.

Recomendações

* Faça uma dieta rica em fibras e com pouca gordura. Alimentos gordurosos podem elevar o nível do colesterol;

* Procure manter o peso ideal para seu tipo físico. Isso ajuda a controlar o nível do colesterol e a prevenir diabetes e hipertensão;

* Largue o cigarro;

* Discuta com seu médico a conveniência de tomar pílulas anticoncepcionais ou fazer reposição hormonal, se você tem histórico familiar de cálculo na vesícula.

Advertência

Consulte um médico se os sintomas dolorosos de cálculo biliar se manifestarem e, especialmente, se forem seguidos de febre, náuseas e vômitos.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Células-tronco reduzem dores e curam lesões de animais


Gatos, cachorros e até cavalos recebem esse tipo de tratamento, e os seus donos agradecem.

Se a rodovia foi interditada, o analista de sistemas Roberto Sampaio leva a Ariel para a consulta de helicóptero. Um amor de cinema. A gatinha sofre de insuficiência renal crônica e faz tratamento com células-tronco no interior de São Paulo. "São células-tronco de dente de leite de gatos, que perdem o dente, e a gente isola as células desses gatinhos", explica a veterinária Michele Barros.
As células-tronco são injetadas nos rins da gatinha com a ajuda do ultrassom. Como a doença é crônica, de tempos em tempos, Ariel precisa de nova aplicação. Mas com apenas quatro, já voltou a comer e parou de sofrer. "Eu sei que a gente não vai vencer a morte, mas, se der qualidade de vida, é importante. Eu quero que ela não sofra, principalmente", afirma Roberto.
Ainda dormindo, Ariel deixa a clínica e volta para casa em grande estilo.
A cadela Raica já melhorou tanto que já se engalfinhou com a turma da casa. Levou até pontos no olho. "Ela não comia, tinha que tomar remédio para comer, ela não comia de jeito nenhum, só dormia", lembra a engenheira mecânica Sandra Hayakawa.
A angústia do casal chegou ao auge com o diagnóstico: uma espécie de leucemia canina, doença fatal. "Ela estava condenada. Faz três anos que ela estaria condenada", diz Sandra.
Raica recebeu aplicações de células-tronco na veia e na medula. “A gente começou a reparar que ela começou a melhorar, quando ela começou a latir outra vez. Eu nem lembrava como era o latido dela”, conta a engenheira mecânica.
Em animais de estimação, as terapias com células-tronco podem significar mais tempo de convivência com os bichinhos. Em animais como o cavalo Shining, o tratamento pode fazer a diferença entre uma carreira de sucesso e a aposentadoria precoce.
Shining sofreu rompimento em dois tendões durante sua primeira competição de "laço ao bezerro".
Neto de um campeão americano, seria um senhor prejuízo aposentar as ferraduras tão novo. “Eu pensei que ia perder ele, que não ia mais ter jeito de recuperar, porque a gente já tem uma experiência de ver essas coisas”, conta o empresário Tiago Marconi.
Mas o veterinário tinha uma carta na manga: células-tronco foram retiradas da gordura do traseiro e aplicadas na pata. Em uma semana, Shining parou de mancar, em três meses voltou a treinar.
“Nos exames de ultrassonografia, nós vemos a regeneração, a recuperação e a formação de células tendíneas, fibras tendíneas, sem ponto de cicatrização. Esse é o milagre da célula-tronco: não deixar cicatriz na lesão. O que é fundamental para um atleta”, afirma o veterinário Luciano Mazzonetto.
E que ninguém duvide se um dia além de regenerar órgãos e tecidos, esses cientistas conseguirem fazer de uma pequena célula um animal inteiro - um clone perfeito desses bichos tão amados.
"Na ciência, você tem que sonhar para poder ter os seus objetivos no futuro. Acredito que é um sonho possível”, declara o biólogo Enrico Santos.

Sangue de cordão umbilical é mais usado do que medula



A ciência acreditava que as células-tronco só existiam nos embriões. Hoje, elas são retiradas de várias partes do corpo.

"Vanessa literalmente nasceu de novo. No dia 8 de outubro de 2004, em que ela fez o transplante, ela nasceu novamente", diz Mary Regina Canal, mãe da menina.
Vanessa Canal, de 14 anos, conta o que faz agora que não podia fazer antes: “comer um monte de coisas, tomar sorvete, nadar, ir no mar, tomar sol e muito mais coisas".
A menina que tem fome de viver é nossa velha conhecida. Ela foi entrevistada pelo Globo Repórter em 2005.
Ele tinha várias restrições, depois de passar por três tratamentos de quimioterapia. E não deu certo. A opção, então, era o transplante de medula, mas Vanessa não achava um doador compatível. Quando tudo parecia perdido, um cordão umbilical salvou a vida dela. “Eu fui o primeiro caso de sangue de cordão brasileiro. Foi uma vitória maravilhosa", reconhece Vanessa.
Página virada na vida de Vanessa. Esse é um sonho que está alimentando a esperança da família do Leozinho - um guerreiro que, antes mesmo de completar um ano, teve que começar uma enorme batalha pela vida.
"Desde bebezinho, ele tinha umas manchas e nós achávamos que era picada de inseto. A gente levava no pediatra, e ele falava que não era nada, que ele era alérgico. E nós levávamos em todos os hospitais, iam a um médico e ele falava uma coisa, a gente ia a outro. A gente levava muito ele ao hospital, eu não entendia, porque ele chorava tanto e vomitava tanto”, conta Adriana Cândido, avó de Leonardo.
Demorou um ano a peregrinação por médicos e hospitais até o diagnóstico, com aquela palavra que ninguém quer ouvir.
"A doença do Leo chama leucemia mielomonocítica juvenil. E é uma doença que a quimioterapia não cura. Eu preciso trocar o tipo de medula dele, dar pra ele a medula de uma pessoa saudável, ou medula ou sangue de cordão com célula-tronco hematopoiética de uma pessoa saudável para começar a produzir sangue e ajudar a brigar contra o tipo de leucemia", afirma a pediatra Adriana Seber, Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAAC).
O sangue de cordão umbilical é cada vez mais usado no lugar da medula, por não exigir 100% de compatibilidade. O banco público brasileiro ainda é pequeno, porque as doações ainda são recolhidas em poucas maternidades. Mas nem se compara com a época da luta de Vanessa, cinco anos atrás. Leozinho conseguiu rapidamente um cordão, e pode fazer o transplante a qualquer momento.

"Seis meses atrás, era para ele ter feito o transplante, mas ele ficou na UTI com pneumonia", lembra Tainara, mãe de Leonardo, e Adriana, avó do menino.
Leozinho está muito gripado, e uma nova tentativa de internação será feita em duas semanas. Voltamos no prazo, e nada do Leo melhorar. "Ele piorou, deu febre. Fizeram os exames, fizeram uma tomografia, e deu que ele tem sinusite. Então, a gente está cuidando da sinusite", diz a avó do menino.
Catorze dias de antibiótico, e fomos para a consulta de avaliação. Leo foi reprovado novamente no exame clínico. "infelizmente, ele estava com um quadro viral e sinusite também. Então, não vai poder internar, e agora a mãe está gripada, o pai gripado. Agora, é esperar ele melhorar”, diz a oncologista Roseana Gouveia, do GRAAC.
Serão mais 15 dias de espera, mas, se depender da torcida, vai dar tudo certo. E Leozinho ainda vai cantar sua música preferida por muitos e muitos anos.
No começo, a ciência acreditava que as células-tronco só existiam nos embriões, mas isso já é a pré-história da pesquisa. Hoje, elas são retiradas de várias partes do corpo e, pela capacidade que tem de se transformar em outros tecidos, são consideradas verdadeiros coringas no jogo da vida.
E foi com um desses "coringas" que a faxineira Marcicleide Sério voltou a enxergar. "Nada melhor do que você acordar, abrir o seu olho e ver o mundo. Eu acordava, abria o olho e não via quase nada. Eu não saía no sol. Aliás, eu não saía de casa. Só acompanhada, para eu sair de casa. Agora não, eu saio sozinha, vou trabalhar, graças a Deus. Estou muito feliz. Cada dia mais, eu agradeço a deus", conta.
Nessas orações também estão os médicos do Instituto da Visão da Universidade Federal de São Paulo. Eles estão usando células-tronco para corrigir lesões muito graves na película que reveste o olho.
"Quando a doença pega um olho só, sempre é uma situação mais fácil, porque, no caso dos olhos, nós temos um irmão idêntico do outro lado. Então, você pega um pouquinho de tecido com células-tronco de um olho e transplanta para o outro. Então, você consegue restaurar a superfície desse olho afetado. Quando a doença está nos dois, é um problema", explica o oftalmologista José Pereira Gomes, Unifesp.
Mas esse problema também já tem solução à vista. Só que a fada do dente vai ter que se aposentar. A ciência encontrou no dentinho de leite um verdadeiro tesouro de células-tronco.

"Esse período do desenvolvimento da criança é muito vantajoso para isolar as células-tronco, porque, nesse momento, já se formou o organismo adulto, já é composto pelas células adultas, mas, ao mesmo tempo, ainda continua o desenvolvimento do organismo. Então, nesse momento, as células-tronco são ainda mais poderosas do que quando elas são isoladas do organismo adulto", explica a bióloga Irina Kerkis, Instituto Butantan.
É incrível! Até os médicos ficaram surpresos quando descobriram que a polpa do dente de leite poderia se transformar em tecido para curar olhos doentes.
"A partir do momento em que eu fui conhecendo melhor a potencialidade da célula-tronco do dente de leite e as vantagens dela, pelo fato dela não iniciar processo de rejeição, pelo fato dela conseguir se diferenciar em vários tipos de célula, eu fiquei realmente animado pelo que nós pudemos constatar no modelo animal", conta o oftalmologista José Pereira Gomes, Unifesp.
Os coelhinhos da pesquisa voltaram a enxergar. Os cientistas do Instituto Butantã e da Unifesp já têm autorização para usar a técnica nos pacientes com lesões graves, mas, antes, eles querem entender melhor, porque a célula-tronco nem sempre se liga com perfeição aos tecidos do corpo que precisam ser restaurados.
"Mesmo com a córnea, a gente vê que às vezes existe uns pequenos erros na formação da córnea. Reconstituiu bonito, mas não é tão bonito como a gente gostaria que fosse. Até enxerga, mas a gente gostaria de melhorar. Então, a gente quer ver o que a gente ainda pode melhorar", diz a Dra. Irina.
O certo é que a polpa do dente é uma célula-tronco poderosa, pode virar osso, cartilagem, músculo. Assim, "era uma vez" aquele pingente que tanto enfeitou mães e vovós. Agora, é no laboratório que o dentinho vale ouro.

terça-feira, 16 de março de 2010

Dieta do glúten – passo-a-passo





A dieta do glúten é ótima dica para quem está acima do peso e não sabe mais o que fazer para perder os quilinhos extras. Retirar o glúten do cardápio e fazer uma reeducação alimentar pode ser uma ajuda e tanto para eliminar de 1 a 2 kg por mês, além de ser uma opção saudável.

O que é o glúten?

O glúten é uma proteína encontrada em cereais como trigo, centeio, malte, aveia e cevada. Quando acrescentada à receita, ajuda a dar liga e deixa pães e massas mais fofinhos.
Mas no nosso organismo essa proteína não faz muito bem. Isso porque o glúten “gruda” nas paredes intestinais podendo até acarretar problemas no funcionamento do seu processo digestivo. Além disso, o glúten pode piorar os sintomas da terrível TPM, causar alergias e lesões de pele.
Existem pessoas com intolerância ao glúten, é a chamada doença celíaca. Quem sofre com o problema não pode comê-lo de jeito nenhum, pois o glúten provoca danos no intestino, impedindo que o processo de digestão se realize normalmente.

Passo-a-passo da dieta do glúten

A dieta do glúten consiste em eliminar o consumo da proteína, que está presente nos cereais como trigo, centeio, cevada e aveia e substituir por alimentos sem glúten como polvilho, batata, arroz, milho, fubá e mandioca. Mas é preciso ficar atenta, já que a eliminação do glúten acarreta na eliminação de vários alimentos ricos em carboidratos e se não houver substituição dentro de uma dieta balanceada, pode provocar falta de energia, fraqueza, dor de cabeça, perda de massa muscular e até desnutrição.
Veja como fazer a dieta do glúten passo-a-passo com uma sugestão de cardápio para dieta do glúten.
Café da Manhã*
- 1 fatia de pão sem glúten com 1 col. (sopa) de ricota + 1 pêra
- 1 fatia de pão sem glúten com geléia diet + 1 fatia de queijo de minas + 1 fatia fina de melão
- 6 morangos + 1 fatia de pão sem glúten com bem pouca manteiga e 2 fatias de presunto magro
Lanche da manhã e da tarde**
- 1 pêra
- 1 pote de iogurte sem glúten
- 1 fatia de pão sem glúten com 1 col. (sopa) de ricota
Almoço e jantar***
- 3 cols. (sopa) de arroz integral + 1 concha de feijão + 1 omelete de 2 claras ou 1 bife médio + agrião a gosto
- 3 cols. (sopa) de arroz integral com espinafre + 1 bife médio + berinjela refogada a gosto
- 3 cols. (sopa) de arroz de brócolis + 1 concha de feijão + 1 concha de carne moída + tomate
*ESCOLHER UMA DAS OPÇÕES + 1 XÍCARA DE CHÁ-VERDE OU CHÁ-BRANCO OU CAFÉ OU CAFÉ COM LEITE / **ESCOLHER UMA DAS OPÇÕES / ***ESCOLHER UMA DAS OPÇÕES + 1 PRATO DE FOLHAS VERDE ESCURAS COM TODAS AS OPÇÕES. OPCIONAIS: TOMATE, PALMITO, PEPINO, BROTOS

sábado, 13 de março de 2010

Medicina indiana utiliza mais de 500 ervas Gengibre, que pode ser encontrado no Brasil, age contra as doenças respiratórias.

Talvez nenhuma outra medicina use tanto as plantas como a medicina tradicional indiana, conhecida como ayurveda, a ciência da vida. Muitos vão buscar tratamento na cidade indiana de Pune.
A equipe do Globo Repórter acompanhou a médica ayurvédica Sonali Shinde e uma aluna brasileira dela, Joana Rodrigues, na feira. Logo que chega ao mercado, a médica vai identificando todas as ervas. Mais de 500 podem ser usadas nesse tipo de medicina.

Logo fomos apresentados ao amalaki. Parece uma ameixa, mas não tem no Brasil. É muito valorizado na ayurveda por ter cinco sabores em uma só fruta: é doce, amargo, azedo, apimentado e adstringente. Só não é salgado.

Mas no mercado de Pune é possível encontrar produtos bem conhecidos dos brasileiros. Um produto que tem muito no Brasil, o gengibre, é da maior importância na medicina ayurveda.

“Quando cozinhamos os legumes, usamos gengibre. Ele digere as toxinas no corpo e age contra as doenças respiratórias, como a sinusite”, diz a médica Sonali Shinde.

A doutora explica que a hortelã age contra o que a medicina indiana chama de vata, a força do ar: reduz dores e gases abdominais e por isso acompanha bem as comidas mais pesadas.

Seguimos nossa busca pelo mercado de Pune.

“O abacaxi é ótimo para melhorar o tecido sanguíneo, mais especificamente o plasma. E é ótimo também para eliminar vermes e lombrigas. Então, mesmo como medida preventiva, de vez em quando deve-se comer abacaxi”, orienta Joana Rodrigues.

As cenouras, que na Índia são avermelhadas, são usadas nos doces.

“A goiaba tem uma propriedade adstringente também. Tudo o que é adstringente fecha as glândulas salivares. Então, paramos de ter vontade de comer mais. Por isso, é ótima para depois das refeições”, diz Joana Rodrigues.

Feitas as compras, doutora Sonali Shinde nos convidou para ir até a casa dela. Ela preparou a refeição com os produtos que comprou na feira.

Enquanto elas preparavam o almoço, fomos conhecer os alimentos mais importantes para a ayurveda, que ajudam a conseguir uma saúde perfeita. Podem ser consumidos por qualquer tipo de pessoa, em qualquer estação.

O arroz, cultivado em 60 dias, deve ser consumido um ano depois da colheita. Feijão mungo, um tipo de feijão verde, comum na Ásia, é de fácil digestão. E também passas pretas, mel, romã, abóbora – que no Nordeste tem o nome indígena de jerimum – e amalaki – a fruta dos cinco sabores, único desses alimentos que não tem similar no Brasil.

“Ela é rejuvenescedora. Mesmo cozida e seca, não perde a vitamina C. E tem cem vezes mais vitamina C que a laranja”, ressalta Sonali Shinde.

Depois, sobre folhas de bananeira, Sonali Shinde e Joana Rodrigues foram servindo a refeição. Um pouco de sal, limão, uma pasta de pimenta, romã, pão indiano. Mais uma vez, sabores variados.

Na Índia, a refeição começa pela sobremesa. E tem que ser com a mão direita. No início da refeição, o doce tira a fome mais intensa. Mas tem ainda algo curioso: soro de leite de uma vaca feliz. É isso mesmo: os indianos dizem que, para o leite ser bom, a vaca tem que viver solta, nos campos e nunca confinada.

Espinafre com queijo branco, arroz com um pouco de manteiga cozida em cima e batata com gengibre, alho, pimenta e coentro.

“É uma refeição completa para uma pessoa ativa. Ela tem todos os seis gostos, é equilibrada. Você não come apenas arroz, não come só trigo, ou apenas comida crua. A ayurveda não aconselha isso. Um pouco de cada coisa é bom para o seu corpo”, ressalta Sonali Shinde.

Para quem está acostumado a comer carne é um pouco difícil. Mas uma recomendação da medicina indiana serve para todos: sempre que der, deixe de lado as comidas prontas.

“Cozinhe só o que você precisa e coma em seguida. Este é o mantra da saúde”, define Sonali Shinde.

Raiz é capaz de aniquilar tumores cancerígenos

A equipe do Globo Repórter viajou para Goiás em busca de uma riqueza pouco explorada. No cerrado brasileiro, uma especiaria trazida da Índia se adaptou bem. Pelo nome, pouca gente conhece o cúrcuma. É uma planta da família do gengibre. A parte usada na culinária fica na raiz. Depois de seca e moída, ela vira um ingrediente que a dona de casa chama de açafrão.

Indisponivel/Indisponivel

Raiz de cúrcuma, de onde é extraída a curcumina

"Na raiz encontram-se todos os componentes do açafrão, inclusive o corante, que é a curcumina, que é bem amarela”, explica o engenheiro de alimentos Celso José de Moura, da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Celso José de Moura explica que a planta dá em qualquer lugar e requer pouca água. Mas o sabor do açafrão da terra, como é conhecido na região, caiu no gosto do povo goiano. Uma boa galinhada fica bem amarela por causa do tempero.

Mas o que ninguém conhecia era o poder de cura dessa raiz. A riqueza maior da cúrcuma está sendo descoberta nos laboratórios da UFG. “Quanto mais pesquisamos mais nos empolgamos porque o número de doenças em que ele tem se mostrado ativo é realmente impressionante”, diz a química Lídia Andreu.

A curcumina, um pó amarelo extraído da raiz, é cicatrizante e antiinflamatório. É usada há mais de cinco mil anos na ayurveda, a medicina tradicional indiana. Por isso, Marcella Carneiro, uma bióloga apaixonada por plantas medicinais, questionou: seria a curcumina poderosa também contra o câncer?

Marcella aplicou a curcumina sobre células com melanoma, o mais grave tipo de câncer de pele. Em poucas horas, um resultado impressionante.

“Nossos testes demonstraram que ela matou 90% de células de melanoma. A curcumina pode agir de duas maneiras: impedindo o crescimento das células cancerígenas e provocando a morte celular, aniquilando o tumor”, esclarece Marcella Carneiro.

O núcleo das células com câncer é implodido pela curcumina, mas os pesquisadores ainda não sabem os efeitos colaterais. Em breve, pacientes terminais devem testar um tratamento experimental em Goiânia.

“É muito interessante saber que a partir de uma especiaria você pode obter um tratamento para o câncer, por exemplo”, ressalta Marcella Carneiro.

O maior desafio é aumentar a absorção da curcumina pelo corpo humano. Para isso, os pesquisadores precisam vencer outro obstáculo: dominar a técnica de extração da curcumina. O extrato da planta é importado – e caríssimo.

“Pagamos em torno de R$ 1 mil por dez gramas de curcumina pura. Então, se conseguirmos extrair curcumina de alta qualidade, pura, com certeza o medicamento vai se tornar mais eficaz e vai ser bem mais barato. Eu diria que, para a saúde, esse pó amarelo vale ouro”, constata Lídia Abreu.

Mais um motivo para popularizar, no Brasil, essa especiaria tão comum na Índia.

Chá alivia dores musculares e dá energia a atletas

Eles resistem aos piores esforços. Provas que duram de dez horas a seis dias. São os atletas de alta performance. Saudáveis? Sim, mas com um alto desgaste para o corpo. O esforço extremo libera no corpo os radicais livres, que aceleram o envelhecimento.

“Eu já tenho 48 anos de idade. Fazendo corrida de aventura, um esporte muito desgastante, não posso me dar ao luxo de envelhecer mais ainda”, diz o dentista Vescio Barreto.

Normalmente eles usam antiinflamatórios e suplementos para evitar dores e lesões. Seria possível substituir esses medicamentos por algo mais natural? Foi justamente um grupo de atletas que exige o máximo do metabolismo que pôde testar os efeitos de um chá de especiarias em Natal, no Rio Grande do Norte.

Durante 60 dias, um grupo de dez atletas tomou o chá. Outros dez não tomaram e serviram de controle para a eficácia da pesquisa. Mas muitos deles ficaram desconfiados.

“Eu não acreditava nisso. Tive que ver para crer”, conta o administrador Karim Barreto.

A pesquisa foi desenvolvida na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mas o chazinho não é muito diferente daqueles caseiros: erva-doce, canela e semente de mostarda em porções iguais. Essas especiarias foram escolhidas por combaterem o envelhecimento. São ótimos antioxidantes.

“A canela é uma das especiarias mais utilizadas no mundo inteiro. Ela tem alto poder conservante. Inclusive, na época das múmias do Egito, era usada como conservante”, lembra a cientista em alimentos Ana Vládia Moreira.

Mas os pesquisadores pensaram também no gosto quando fizeram a escolha. Queriam algo que pudesse virar uma rotina.

“Quando propomos algo importante para a saúde, para não ser algo que simplesmente tomamos sem prazer, temos que pensar também no lado sensorial. E essa mistura é bastante agradável ao paladar das pessoas”, assegura Ana Vládia Moreira.

E também é um chá simples, fácil de fazer.

“O ponto ideal [da água] é quando começa a levantar bolhinhas. Você apaga e está no ponto de colocar na xícara. Com a água pronta, colocamos o sache”, ensina Ana Vládia Moreira.

A dose diária é de uma colher de chá em uma xícara de água. Ou seja, não adianta tomar um bule de chá. O necessário mesmo é uma xícara.

A pesquisa mostrou que a maioria dos atletas teve uma redução do MDA, substância que causa lesões musculares e dores. O chá ajudou a diminuir a sensação de desgaste físico depois dos exercícios.

"Eu senti que durante os treinos longos e as corridas não tinha tanta necessidade de fazer uso de antiinflamatórios", conta a zootecnista Inês Greca.

"As dores musculares que sempre vêm depois diminuíram bastante depois desse tratamento", afirma Karim Barreto.

E se foi bom para quem se desgasta tanto, Ana Vládia Moreira diz que a mistura pode ter bons efeitos no dia-a-dia de qualquer pessoa.

“Por ter papel antioxidante e antiinflamatório, ele acaba sendo universal. Onde processos inflamatórios estão presentes, como uma simples dor de cabeça ou mesmo uma cólica, ele pode vir a ter efeitos atenuantes, principalmente preventivos se a pessoa tiver o hábito de beber”, explica a cientista de alimentos.

A nutricionista Jussele Lourenço acredita que o resultado da pesquisa pode combater um grande problema entre atletas amadores: a automedicação. Eles poderiam trocar os remédios pelo chá, que pode ser consumido como qualquer outro alimento. “Um alimento que reduza o estresse oxidativo. Muitas vezes eles vão diminuir essa inflamação com automedicação”, diz.

Para quem passa a vida por matas, estradas e rios, o resultado foi animador.

“Não há um alimento por si só capaz de reverter uma doença. Há um conjunto de fatores. Cabeça boa, corpo em movimento e uma pitadinha de sabor não fazem mal a ninguém”, finaliza Ana Vládia Moreira.